O ano de 1918 trouxe à Humanidade os três maiores flagelos de que há memória: a Guerra, a Doença e a Fome. A primeira Grande Guerra arrastou o Mundo para um conflito que durou pouco mais de quatro anos, semeando a morte pelos campos de luta europeus, entre soldados e civis. Hoje, à distância, os estudiosos acreditam que a Grande Guerra poderá ter causado entre 10 e 12 milhões de mortes, sendo os civis mais duramente castigados, com números que apontam para 12 a 15 milhões. Em Abril desse ano cai sobre o mundo uma terrível doença, a Gripe Pneumónica, também chamada Gripe Espanhola. Uma calamidade sem paralelo na história da Humanidade que, para além dos mais de 50 milhões de mortos, foi o motivo crucial para a fim da Guerra, já que a doença não poupou as tropas em confronto e as grandes ofensivas planeadas para conseguir uma vitória ficaram-se pelas intenções. Amarante sofreu as consequências de forma tímida e resignada, vendo partir para a Guerra quase meio milhar de filhos seus, simples, sem qualquer preparação militar, confiando nos seus superiores, também eles inadequados às condições do conflito mundial. Muitos nem regressaram, ficando sepultados longe da sua terra, fazendo parte daquele mundo enorme chamado Soldado Desconhecido. Outros regressaram após alguns meses de cativeiro em território alemão e outros ainda regressaram para serem confrontados com uma doença que teve aqui um comportamento dramático.
Dois nomes devem ser lembrados: Amadeo de Souza Cardozo, o pintor modernista preparado para grandes voos, mas que se ficou pelos 31 anos, e que viu morrer de forma dramática alguns elementos da sua família com a doença que o viria a matar, e Ana Guedes da Costa, a primeira mulher enfermeira em Portugal, que arriscou a sua vida a tentar salvar os doentes atingidos pela Pneumónica, transformando a sua casa num Hospital, com um sentido de abnegação e de dádiva que a tornaram um exemplo digno do nosso orgulho e da maior admiração.
Breve nota biográfica:
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